Dez dias
após a ruptura de 140 metros de um dos tubos da empresa Petroecuador, no
Equador, provocado pelas fortes chuvas na madrugada do último dia 31, a mancha
de contaminação continua avançando pelo rio Napo, Estado de Loreto, no Peru.
O acidente aconteceu no km 82 da
via Quito-Lago Agrio, setor El Reventador, após parte de uma montanha ceder e
cair em cima da tubulação.
Neste
sábado (8), o presidente equatoriano Rafael Correa pediu desculpas aos
peruanos, através de uma rede de televisão, pelos impactos ambientais
imensuráveis provocados por este derrame.
Na
cidade equatoriana El Coca, capital de Orellana, além de outros municípios como
Sacha, a contaminação no rio Napo provocou falta de água potável e a população
teve que ser socorrida com caminhões-pipa, levados ao local de forma
emergencial.
A
empresa estatal Petroecuador afirmou, no último boletim divulgado nesta
sexta-feira (7), que 200 barris de crudo tinham sido tirados dos rios; calcula-se
que cerca de 11.480 barris
foram derramados no rio, de um total de 360.000.
O alcance e a rapidez da substância negra nos
rios Coca e Napo, afluente do Amazonas, assustaram a Jorge
José Fabre, guia naturalista e consultor turístico, que trabalha há 12 anos na
zona, junto a comunidades indígenas waorani.
"Ao
chegar a Coca, no meio deste cheiro penetrante, que começou a nos afetar, nos
demos conta que a mancha já havia entrado no rio Napo, pois o rio Coca se junta
com este, até chegar ao Amazonas. O que mais nos assombrou foi a incrível
velocidade com que viajava a mancha pelas águas. E, também, que não houvesse
patrulhas do Exército e nem de nenhuma instituição, fazendo alguma coisa a
respeito", conta.
Ele
afirma que os peixes mortos já podiam ser vistos desde o primeiro dia do
desastre, acrescentando uma preocupação que já é a maior por parte das autoridades:
a saúde dos moradores da zona.
"As
crianças tomam banho no rio Napo, as mulheres lavam roupa, os homens pescam, já que esta é sua principal comida", diz,
inquieto.
O
governo equatoriano, através do MMA realizou vistorias aéreas com helicópteros
e por água, a fim de dimensionar os danos.
As
comunidades afetadas (cerca de 40 mil pessoas) pela falta de água potável,
desde então estão ameaçadas pelo desabastecimento de água, já que o sistema de
abastecimento local retira o líquido do rio Coca.
Autoridades
locais declararam El Coca em situação de emergência, após o trágico acidente, sendo
seguidas pelas autoridades estatais do Estado de Francisco de Orellana.
Os
esforços para mitigar os danos e retirar o crudo das águas persistem através de
bombas de sucção, pressão e transferência, que
promovem uma rápida absorção do crudo, além de barreiras de contenção da substância
derramada.
O Ministério de Relações
Exteriores do Equador está coordenando ações com a Cancilheria do Peru para
mitigar os impactos e proteger a saúde das populações locais afetadas, em ambos
países, na bacia amazônica.
A extensão do dano pode atingir
300 km rio abaixo, segundo informações preliminares do Ministério do Meio
Ambiente equatoriano.
No entanto, ainda não se tem
ideia dos impactos na biodiversidade local, com exceção de relatos de
pescadores e ribeirinhos, que foram surpreendidos com a mancha escura e
borbulhante e a presença de peixes mortos nas praias.
Da Redação
Fontes: