lunes, 10 de junio de 2013

Equador: Derrame de petróleo avança pelo rio Napo e afeta comunidades no Peru


Dez dias após a ruptura de 140 metros de um dos tubos da empresa Petroecuador, no Equador, provocado pelas fortes chuvas na madrugada do último dia 31, a mancha de contaminação continua avançando pelo rio Napo, Estado de Loreto, no Peru.


O acidente aconteceu no km 82 da via Quito-Lago Agrio, setor El Reventador, após parte de uma montanha ceder e cair em cima da tubulação.

Neste sábado (8), o presidente equatoriano Rafael Correa pediu desculpas aos peruanos, através de uma rede de televisão, pelos impactos ambientais imensuráveis provocados por este derrame.

Na cidade equatoriana El Coca, capital de Orellana, além de outros municípios como Sacha, a contaminação no rio Napo provocou falta de água potável e a população teve que ser socorrida com caminhões-pipa, levados ao local de forma emergencial.

A empresa estatal Petroecuador afirmou, no último boletim divulgado nesta sexta-feira (7), que 200 barris de crudo tinham sido tirados dos rios; calcula-se que cerca de 11.480 barris foram derramados no rio, de um total de 360.000.

O alcance e a rapidez da substância negra nos rios Coca e Napo, afluente do Amazonas, assustaram  a Jorge José Fabre, guia naturalista e consultor turístico, que trabalha há 12 anos na zona, junto a comunidades indígenas waorani.

"Ao chegar a Coca, no meio deste cheiro penetrante, que começou a nos afetar, nos demos conta que a mancha já havia entrado no rio Napo, pois o rio Coca se junta com este, até chegar ao Amazonas. O que mais nos assombrou foi a incrível velocidade com que viajava a mancha pelas águas. E, também, que não houvesse patrulhas do Exército e nem de nenhuma instituição, fazendo alguma coisa a respeito", conta.

Ele afirma que os peixes mortos já podiam ser vistos desde o primeiro dia do desastre, acrescentando uma preocupação que já é a maior por parte das autoridades: a saúde dos moradores da zona.

"As crianças tomam banho no rio Napo, as mulheres lavam roupa,  os homens pescam, já  que esta é sua principal comida", diz, inquieto.

O governo equatoriano, através do MMA realizou vistorias aéreas com helicópteros e por água, a fim de dimensionar os danos.

As comunidades afetadas (cerca de 40 mil pessoas) pela falta de água potável, desde então estão ameaçadas pelo desabastecimento de água, já que o sistema de abastecimento local retira o líquido do rio Coca.

Autoridades locais declararam El Coca em situação de emergência, após o trágico acidente, sendo seguidas pelas autoridades estatais do Estado de Francisco de Orellana.

Os esforços para mitigar os danos e retirar o crudo das águas persistem através de bombas de sucção, pressão e transferência, que promovem uma rápida absorção do crudo, além de barreiras de contenção da substância derramada.

O Ministério de Relações Exteriores do Equador está coordenando ações com a Cancilheria do Peru para mitigar os impactos e proteger a saúde das populações locais afetadas, em ambos países, na bacia amazônica.

A extensão do dano pode atingir 300 km rio abaixo, segundo informações preliminares do Ministério do Meio Ambiente equatoriano.

No entanto, ainda não se tem ideia dos impactos na biodiversidade local, com exceção de relatos de pescadores e ribeirinhos, que foram surpreendidos com a mancha escura e borbulhante e a presença de peixes mortos nas praias.


Da Redação

Fontes: